quarta-feira, 26 de maio de 2010


Postado por;Yan e Ulisses


Cantiga de Ribeirinha

No mundo non me sei parelha
mentre me for como me vai,
ca ja moiro por vós e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia.
Mao dia me levantei
que vos entom nom vi fea!

E, mia senhor, des aquelha
me foi a mi mui mal di’ai!
E vós, filha de Dom Paai
Moniz, e bem vos semelha
d’aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d’ua correa.


Início: 1189 (ou 1198?) Provável data da Cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós. Supõe-se que esta seja a mais antiga das composições conservadas nos cancioneiros. Outras cantigas disputam essa primazia.


Término: 1385 Fim da dinastia de Borgonha


Glossário:

non me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
mentre: enquanto.ca: pois.
branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o rosado do rosto.
retraia: pinte, retrate, descreva.
en saia: sem manto.
que: pois
dês: desde
semelha: parece
d’aver eu por vós: receber por seu intermédio.
guarvaia: manto luxuoso, provavelmente vermelho, usado pela nobreza.
alfaia: presente
valia d’un correa: objeto de pequeno valor.

Característica da cantiga

  • Língua galego-português

  • Tradição oral e coletiva

  • Poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais colecionada em cancioneiros

  • Autores trovadores

  • Intérpretes: jograis, segréis e menestréis.

  • Gêneros: lírico (cantigas de amigo, cantigas de amor) e satírico (cantigas de escárnio, cantigas de maldizer).


Considerada por alguns como a mais antiga galego-portuguesa, este texto desafia a interpretação dos estudiosos. Seu sentido continua bastante obscuro. Não se pode concluir nem mesmo se trata de uma cantiga de amor ou de escárnio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário